Depoimento
Prof. Antônio Carlos Vieira
Ao se comemorar 50 anos de criação do Departamento de Física da Universidade Federal de Viçosa, sinto-me honrado por fazer parte de uma história, juntamente com outras tantas pessoas que se empenharam para tornar o DPF o gigante que hoje é. Nascido com a missão de lecionar as físicas básicas para os cursos das Ciências Agrárias, até então existentes, não se limitou a isso. A dedicação, o zelo e a garra dos professores que aqui chegaram permitiram que um sonho se concretizasse e, com a luta dos que fazem parte do quadro docente atual, a tendência é de que o DPF a cada dia se torne mais grandioso.
Em março de 1976 aportei em Viçosa, oriundo da pequena cidade mineira de Galiléia, após concluir o curso de Técnico Agrícola no Colégio Agrícola de Santa Teresa, no Espírito Santo. Havia sido aprovado para o curso de Ciências, criado no ano anterior. Minha intenção era concluir a Licenciatura Curta em Ciências e optar pela continuação na Licenciatura Plena em Química (as outras opções eram Biologia, Física e Matemática). Foram dois anos e meio muito intensos, pois além da carga horária das disciplinas oferecidas pelos departamentos responsáveis por cada uma das habilitações, havia também várias disciplinas dos departamentos de Letras e Educação. A partir de então, meu histórico de vida se funde com a gloriosa história do DPF.
Durante a Licenciatura em Ciências eram oferecidas apenas três disciplinas da área de Física (Mecânica e Hidrodinâmica, Eletricidade e Eletromagnetismo e Calor, Ondas e Ótica). Foi aí que passei a conviver com os professores do departamento, lembro-me bem, do Jadir Nogueira da Silva, Oderli de Aguiar, José Roberto Corrêa Saglietti, Fábio Hamilton Leão Jório, Fernando Camelier e Luiz Carlos de Alvarenga, este, o responsável por uma guinada na minha pretensão de me habilitar em Química e optar pela Licenciatura Plena em Física, dado o excelente aproveitamento nas três disciplinas até então cursadas. Fui seu aluno de Eletricidade e Eletromagnetismo e ao final do período ele me convidou para atuar como monitor do DPF e isto me motivou ainda mais em minha decisão.
Eram poucos os ingressantes na Licenciatura Curta que demonstravam interesse em optar pela Física. A grande maioria decidia pela Biologia, muitos outros pela Química e uns poucos pela Matemática. De setenta e cinco estudantes que iniciaram comigo, apenas quatro escolhemos a Física. Assim, em dezembro de 1979, tivemos a grata satisfação de nos tornarmos integrantes da primeira turma de licenciados em Física, juntamente com o José Ângelo de Faria e Maria Eterna de Barros que, posteriormente, se tornaram professores do COLUNI até se aposentarem. Em julho do ano seguinte, graduou-se também o Walter Jorge Bulgareli Ferreira. Durante a Licenciatura Plena em Física contamos ainda com os professores Ernesto von Rückert, Roberto e Marilena Cavalieri, Carlos Magno Fernandes, Mauri Fortes e João Francisco Escobedo.
Em abril de 1980, o Departamento de Física abriu concurso para Auxiliar de Ensino, na área de Física Geral (2 vagas) e Professor Assistente para a área de Física Matemática (1 vaga). Diga-se de passagem, foi o primeiro concurso de provas e títulos realizado pelo DPF, pois até então os docentes eram selecionados apenas pelo currículo, convidados por professores que já faziam parte do quadro. Para as duas vagas de Física Geral foram selecionados o Prof. Vicente de Paula Lelis e eu e a vaga de Assistente foi preenchida pela Profa. Maria da Conceição Ianino Fortes. Em 02 de junho daquele ano passamos a fazer parte do quadro de docentes do DPF, juntando-nos aos demais, que ainda não foram aqui nomeados, Sandra Maria Couto, Maria da Conceição Pinheiro, Guido de Souza Damasceno, Sérgio Gontijo Álvares, Luigi Toneguzzo, Sebastião Cardoso, Ricardo Tadeu Lopes, Evandro Ferreira Passos, Paulo Cezar Santos Ventura, José Mário Domingos de Melo e Paulo Roberto Colares Guimarães. Cabe-nos lembrar aqui, que nos primórdios de sua criação o departamento contava apenas com dois servidores, o secretário Artur Rodrigues de Souza e o contínuo Floriano Ferreira da Silva (Fizinho).
Desde o início de minha carreira docente na UFV sempre me dediquei às atividades de ensino e algumas poucas de extensão. Minha aposentadoria foi publicada no Diário Oficial da União no dia 06 de junho de 2016, contabilizando 36 anos de trabalho junto do DPF. Neste período foram 106 disciplinas lecionadas para 10.777 estudantes, totalizando 10.186 horas.
Os muitos anos de vivência no DPF me permitiram ver e acompanhar o incansável trabalho em prol do crescimento da pesquisa científica em diversas áreas de atuação do departamento, bem como da luta pela implantação do Mestrado e Doutorado que tanto contribuem para a consolidação do nome de nossa Instituição no Brasil e no Mundo.
Parabéns a todos vocês que ajudaram na criação do DPF e a vocês que continuam arregaçando as mangas para a continuação de um projeto, que nascido pequeno, há 50 anos, hoje se tornou gigantesco.
Aos professores, servidores técnico-administrativos, estudantes e todos aqueles que, direta ou indiretamente, auxiliaram para que o DPF se tornasse o que é, minhas cordiais saudações.