Depoimento
Prof. Ernesto von Rückert
Nasci no Rio de Janeiro, em 1949 e fui para Barbacena, Minas, com dois anos, onde me licenciei em Matemática, em 1971. Desde 1968, no primeiro ano, já lecionava Física e Matemática na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), lá em Barbacena. Em 1972 me casei e passei a lecionar, também, as quatro Física Gerais para a Licenciatura Curta em Ciências na Faculdade Dom Bosco, em São João del Rei, depois federalizada como Universidade Federal de São João del Rei e, em 1974, passei a lecionar, também, as Físicas Gerais para os cursos de Engenharia e de Física da Universidade Federal de Juiz de Fora, sem dedicação exclusiva. Em agosto de 1976 fui selecionado, com os professores Oderli de Aguiar e Fábio Jório (falecido), para Auxiliar de Ensino, em dedicação exclusiva, no recém fundado Departamento de Física da Universidade Federal de Viçosa, que, então, tinha só seis professores (Mauri Fortes, Conceição Pinheiro, Bento Almeida, Sandra Couto, Luiz Alvarenga e Jadir Silva – Elias Chequer, um dos fundadores, com Mauri e Conceição, havia saído). Eu ministrava as Físicas Gerais para os cursos de Engenharia e a Licenciatura Curta em Ciências. Havia o interesse em se ter, também, a Licenciatura Plena e o Bacharelado em Física. Todavia os professores de então, ou eram engenheiros ou licenciados em Física, sem mestrado ou com mestrado em engenharia. Mauri, Conceição e Sandra fizeram doutorado em engenharia. Era preciso haver mestres em Física. Em 1979 fui para o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas fazer mestrado em Física, na área de Gravitação e Cosmologia, retornando, ainda sem tese defendida, em 1981. Defendi a tese em 1983. Oderli saiu para fazer mestrado em Física Nuclear, em Piracicaba e Fábio em Engenharia Térmica em Belo Horizonte, que era uma área de pesquisa forte do departamento. Foram contratados mais licenciados em Física, como Evandro Passos, Carlos Magno Fernandes, Paulo Colares Guimarães, José Roberto Saglietti, José Mário de Melo, Ronaldo Pinheiro, João Escobedo, o engenheiro Vicente Lélis e os licenciados em Matemática Luigi Toneguzzo (falecido) e Conceição Fortes bem como seu marido, Marco Aurélio, técnico de nível superior em eletrônica para gerenciar os laboratórios. Roberto e Maria Helena Cavalieri foram transferidos de Uberlândia para a UFV. Isso possibilitou a instalação da Licenciatura Plena, mas, não ainda, do Bacharelado.
Tendo Oderli, Fábio e eu retornado do mestrado, abriu-se o processo de implantação do Bacharelado, tendo eu elaborado o currículo e a maior parte dos programas das disciplinas, após um cotejo dos bacharelados existentes nas boas universidades do Brasil. A primeira turma tinha apenas um aluno, o José Eduardo de Albuquerque, que depois foi professor do Departamento de Física. Então vieram o Ademir Alves (vulgo “Fais”), o Antônio Carlos Vieira, que também foram professores do departamento, a Maria Eterna e o José Ângelo (ex-professores do Coluni), o Afrânio, o Arcanjo, a Bete, o Helder, o Fernando (vulgo “Fubá”), o Airton, o Daniel e o Edison (professores do Coluni), o Gilberto Vicente (hoje na NOAA), o Brauliro Leal, o Vitório de Lorenci (hoje na UNIFEI), o Alberto Lemos e outros que não lembro o nome. Nos primeiros anos eu costumava lecionar quatro matérias do Bacharelado em cada semestre, como Métodos Matemáticos I e II, Mecânica Clássica, Eletromagnetismo, Ótica, Estrutura da Matéria I e II, Física Quântica I e II, Física Estatística e Relatividade Geral (em rodízio). Em muitos casos, quando havia um aluno só, as aulas eram dadas em meu próprio gabinete, e não na sala de aula. Aí foram contratados os primeiros mestres e doutores em Física, como o Marcelo Lobato, o Ricardo Cordeiro, o Alexandre Carvalho, o Orlando Fonseca, Gino Ceotto, o Inácio Martin e todo esse pessoal que está agora no departamento. Alguns engenheiros foram para o Departamento de Engenharia Agrícola, como a Sandra, o Jadir, o Carlos Magno, o José Roberto e o José Mário, o que possibilitou a abertura de mais vagas de professor. Entrementes, em 1984, eu iria fazer meu doutorado, mas o reitor de então, o Chaves, me chamou para assumir a Presidência do Conselho de Graduação, cargo que equivalia a um Pró-Reitor de Graduação e eu aceitei. Em minha gestão foram criados os cursos de Informática, Arquitetura e Nutrição, bem como feita uma reformulação completa dos cursos de Ciências Agrárias e de Veterinária. Em 1992, outro reitor, o Bandeira, me chamou para ser seu Chefe de Gabinete, que aceitei e fiquei dois anos, passando para Assessor Especial, encarregado da redação dos documentos da Reitoria (inclusive discursos). Com isso, tive que reduzir bastante minhas aulas no Bacharelado, sem, contudo, ficar sem lecionar, pelo menos, uma disciplina. Em 1996 e aposentei por tempo de serviço, uma vez que havia rumores de mudanças nas regras de aposentadoria, o que, de fato, ocorreu mais tarde. Também exerci as funções de Chefe do Departamento de Física, em 1992/93 e de Coordenador do Curso de Física, de 1983 a 1984 e de 1988 a 1990. Ao me aposentar o Adil, dono do Colégio Anglo, me convidou para ir para lá, como Vice-Diretor, onde fiquei até 2020.
Durante essas quatro décadas o Departamento de Física, principalmente depois da implantação de sua Pós-graduação, evoluiu significativamente, de um departamento apenas de apoio aos cursos ditos “grandes” da Universidade, para um Departamento de Física de elevados méritos próprios, não só no ensino, como, também, na pesquisa. Sem mencionar o grande trabalho de extensão em apoio ao ensino público de Física que se desenvolveu com a dedicação dos professores Toneguzzo, Jório, Aguiar, Lélis, Passos e outros, no Núcleo de Ensino Integrado de Ciências e Matemática.